terça-feira, 29 de abril de 2008

Branca de Neve e alguns de seus signos. sugestão de Carol Pellegrini

Para quem ainda acha que contos de fadas são para crianças e que eles não tem lá muito a dizer...

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM821079-7822-BRANCA+DE+NEVE,00.html

Vida longa as britas.
;P

beijos a todos.

Corpo trans-lúcido: uma reflexão sobre a história do corpo em cena. Por Letícia Honorio da Silva...

Este texto fala sobre uma reflexão sobre a história do corpo em cena, onde o homem se comunica através de sinais, símbolos, livros, revistas, música, dança, filmes, palavras e gestos.
As técnicas corporais cada vez mais estão sendo aprimoradas. A partir dessas técnicas procuramos tornar os movimentos o mais agradável possível, mais conscientes e mais simples.
As crianças aprendem desde cedo a desenvolver as habilidades motoras como por exemplo, o andar, os movimentos de agachar, sentar, deitar e levantar.
No texto de Klauss Vianna, Percepção corporal a partir de movimentos básicos, o autor diz que é muito importante executar e perceber esses movimentos, pois eles acontecem a todo momento.
Concordo com os dois autores porque é através do corpo que nos comunicamos com o público. Para essa comunicação acontecer o corpo tem que estar consciente e adaptar-se às transformações que podem surgir.
É muito importante permitir que o movimento simplesmente surja, sem obsessão. Mas, também é necessário todo um trabalho de preparação e conscientização, onde costuma revelar a dificuldade que as pessoas têm de enfrentar esse processo de reestruturação.
O corpo tem que se adaptar às transformações do tempo. Os quatro fatores de Laban estão sempre presentes em nossa movimentação. Quando andamos, corremos, pulamos, estamos sentados ou até mesmo parados, os quatro fatores de Laban etão presentes no nosso corpo, é só perceber.
O corpo não é apenas uma forma em movimento andando, correndo ou dançando. É, menos ainda, uma vitrine de marcas e logotipos. Instrumento de comunicação do homem no mundo, o corpo é possibilidade de invenção permanente e novas finalidades e a disposição para vivê-las.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Similaridades...

Estados transitórios/transformação:


Foco de pesquisa...

"Um movimento morre para dar lugar à outro"

"Um ideograma pode ser 'completado' e se tornar outra coisa"



"Cada gesto possui um significado"

"Cada ideograma chinês traz um significado/uma mensagem"


~> Idéias lançadas ao vento...

Angélica

DES, Por Carolina Camargo De Nadai

Olá Pessoal,
Antes de dar início ao texto para minha postagem quero dizer que esta idéia do blog é muito interessante! É um meio de troca de opiniões e informações que não precisa se encerrar junto com nossa vida acadêmica (pelo menos de graduação) na FAP!!!

A primeira vista, deslocamento remete logo em deslocar espaço-temporalmente. Mas situações podem ser deslocadas, movimentos, imagens ou sons...“Mudar, desviar do lugar em que estava; transferir; desarticular ou desconjuntar; mudar de lugar; mover-se; desarticular-se; desmanchar-se.” (dicionário). Dês(negação) lócus (lugar)
s.m. Medicina. Ato ou efeito de deslocar da posição normal, qualquer parte do corpo. &151; Recebe o nome de luxação quando são os ossos de uma junta que se afastam de sua posição normal. Quando os ossos se deslocam, deixam de manter um contato adequado na junta. Disso decorre usualmente dor e inflamação.
Mas busco mais o significado de deslocamento em uma ação pertence àquela função. Gosto da brincadeira com um som que não pertence à uma imagem por trazer tanto um lado cômico quanto reflexivo.Penso muito em como aproveitar de situações deslocadas. Em um ensaio, em uma apresentação pública, em uma aula de improvisação, como uma situação inesperada, estranha, pode ser auxílio à criação e não incômodo. Mesmo que incomode. Como ela ajuda?

domingo, 27 de abril de 2008

Nadam Guerra

Para quem não foi assistir a apresentação de Nadam Guerra no Cafofo do Couve-Flor, vale a pena dar uma conferida em vídeos dele no Youtube...

Pesquisa bem interessantes...

Ju Lorenzi

TELEFONE SEM FIO, por Caroline Pellegrini


Enquanto cursava o 2° grau, meu livro de português da época trazia uma propaganda dos anos 90 que utilizava como ilustração a célebre imagem da linha da evolução humana (aquela que o primata Australopithecus aparece de perfil sobre quatro apoios, e gradativamente eleva-se, até atingir a postura ereta, do homem chamado de “evoluído”, o tal do Homo-erectus). E como isto era uma propaganda e não uma aula de história ou coisa parecida, a imagem continha uma pequena alteração no seu conteúdo: o tal do homem “evoluído” trazia em uma de suas mãos uma lata de Coca-cola.
No tal livro de português, além da propaganda, havia uma hipótese sobre as possíveis interpretações desta imagem, que dizia mais ou menos assim: Se o mundo acabasse e restasse na face da terra apenas este anúncio, quem chegasse depois acreditaria que o borbulhante líquido escuro era nosso Deus.
Ignorando a não sapiência do nome do autor desta hipótese um tanto quanto contraditória, o fato da Coca-cola ser ou não ser Deus, e o porquê escolhi esse exemplo tão confuso, direciona-se aqui o foco no questionamento conduzido pela hipótese citada: Várias interpretações de uma mesma informação. A variedade de desvios que uma mensagem pode tomar no caminho entre emissor-receptor.
Maria Mommensohn, questiona exatamente isto:
O mesmo gesto pode ter significados culturais diferentes em culturas diversas. Ele age/reage em função de necessidades intrínsecas de adequação com o ambiente.”
Para a Arte, nada melhor que poder usufruir de um vocabulário onde um mesmo signo traz diversas significações. Isto é fantástico para aumentar o repertório de possibilidades artísticas e conduzir o expectador a caminhos que talvez nem imagine que se possa levar. Mas se este é o sonho, é também o pesadelo da Arte. É por causa das infinitas interpretações que um mesmo espetáculo, que uma perna alta, que uma cor vermelha podem remeter, que críticos tem emprego, que público escolhe seu ídolo, que a classe artística se digladia.
Sim, não é o que a coreografia quer dizer, mas o momento da sua vida que VOCÊ resolveu assisti-la, o que VOCÊ pensa da companhia que irá executá-la, os valores que VOCÊ traz sobre o tema proposto pela mesma, e tantos outros fatos que fazem de VOCÊ o culpado de tudo que irá pensar e sentir sobre o espetáculo.
Mas se isto ocorre, o que fazer? Deve-se lançar um livro com a hermenêutica absoluta e nada relativa de tudo o que tudo possa significar? Criar uma lei que puna significações diferentes para o mesmo ato (Quantos “eu te amos” seriam multados)? Infelizmente, a Filosofia da Linguagem está aí há séculos tentando fazer isso, e não teve nenhum êxito. E, mais infelizmente ainda, já pagamos uma multa bem cara por cada ato nosso ser interpretado de diversas formas.
Talvez porque ainda o objetivo do ser humano é chegar sempre a alguma certeza e nunca a mais dúvidas. Ao escrever um texto (este, por exemplo), finaliza-o com algo que se nomeia “conclusão”. Não estaria este texto dentro das normas se ficasse aqui lançando perguntas e não fornecesse certeza alguma.Você está sedento de um lugar confortável e não de aumentar a sua instabilidade com mais questionamentos.
E antes que este assunto tome outro rumo, voltemos então ao questionamento principal: o que fazer com arte, que dá margem a tantas interpretações? O que fazer quando você quer dizer algo e escutam outra coisa?
Murray Louis cita: ”A prática da arte é tão intensamente subjetiva, tão pessoal (...) que é inevitável que todos acabem sendo apanhados e aprisionados em sua própria rede pegajosa de definições. Ainda sim, há que persistir”.
Há que persistir. Há que persistir em tentar captar o que os olhos vêem e não o que seu olhar quer ver. Será possível? Será pretensão? Será que perdemos a mensagem no meio do caminho? E se ela tranformou-se? E que tal pegarmos outro rumo no próximo texto?

sábado, 26 de abril de 2008

"A Forma do Fundo"- Título provisório

A pesquisa experimenta interações do corpo com um fundo criado, no momento um tecido branco, buscando utilizar explorar a tentativa de uma bidimensionalidade corporal...
Me interessa partes do corpo, mas não a idéia de um corpo fragmantado. Busco brincar com a ilusão de óptica. Clavículas que pareçam escápulas... Não pretendo a despersonificação do corpo...
Formas geométricas, espaço estrutural, espaço corpo bi e tridimensional...

Pés, escápulas pernas........
Neste momento muitas são as perguntas , poucas as respostas....

Por Juliana Lorenzi

Pensamento!

"Que nós sejamos simples, mas não pobres (a simplicidade é uma grande palavra), que nós prefiramos o primitivismo à vaidade, que não sejamos sentimentais, mas que tenhamos espírito!" (Oskar Schlemer - 1929)

Inspirem-se!

Ju Lorenzi

Fotos da pesquisa -" A Forma do Fundo" de Juliana Lorenzi


Ballet Clássico x Contemporâneo

Representação sobre técnias para dançar.... LEANDRO VIEIRA


Imagine a seguinte situação: uma audição onde a seleção é feita no maioria das Companhias de Dança Renomadas no Brasil e exterior, através de uma aula de Ballet Clássico e não a respiração que se passa no estômago, ou se tem boa conexão cabeça-cóccis entre outras coisas que a dança contemporânea trabalha. Basicamente é um fato visualizado através da leitura feita do texto "Representações sobre técnicas para dançar". No decorrer, Sívia Geraldi em seu artigo propõe reflexão sobre as formas de treinamento corporal de dançarino contemporâneo, questionando em parâmetros relacionados à apropriação de uma técnica para dançar. Aquela velha hitória de que o Ballet Clássico não é técnica base para as demais modalidades de dança, como por exemplo a tal da dança contemporânea.
Transformações no mundo acontecem sempre, como na história de um país, cidade, capital, até mesmo de uma família, e claro que na dança não era para ser diferente. Ela desdobrou-se em diferentes gêneros, originando múltiplas tendências do que hoje se conhece como dança contemporânea.
Como o velho ditado diz: "Respeito é bom e todo mundo gosta!". Pena que não acontece na maioria das vezes. A guerra q não acaba do clássico x contemporâne, melhor x pior, técnica ou não técnica.

O mundo é tão grande e tem espaço para tudo e todas!!!!!!!!!!!!!

“Enter Archieles” DV8----------------Ana Carolina T.

Uma exploração engraçada e cruel da psique masculina, Enter Achiles se passa em um típico pub britânico, caído e cheio de fumaça. Música pop e futebol saem da TV enquanto oito homens se chocam com seus copos na mão. Mas a diversão deles é balanceada num fio de tensão. Sobre este coleguismo paira um sentimento perturbador de paranóia e insegurança, onde a fraqueza é brutalmente explorada e a violência cobre a vulnerabilidade.A companhia DV8 faz um trabalho de teatro físico. Penso que a idéia básica é a masculinidade, como os homens se comportam ao irem beber juntos, assistir futebol, como reagem ao estarem junto a um homossexual, sempre todos os homens tem que ter o gosto pelo futebol, adoram zoar, se batem, e os sentimentos dos homens (raiva e amor).A obra se enquadra em um posicionamento político social, pois trata do preconceito que os homens possuem com os homossexuais.O título da obra para mim teve compreensão ao relacionar com o héroi Aquiles o qual tinha um único ponto vulnerável em seu corpo. Um ponto fraco herdado pela humanidade ao batizar o tendão de Aquiles. Que conecta o músculo ao osso, é o mais resistente do corpo humano. O que justifica o homem tem seu ponto fraco

SOBRE IDÉIAS E AÇÕES.......Por Naiana Wöhlke Cé

“Não se refaz uma teoria, fazem-se outras”.
(Foucault, M)

Segundo Rosa Hércules, no texto intitulado Dança como produção de conhecimento, “as propriedades formais e relacionais da dança conquistam existência pela conjugação e articulação de questões provenientes de vários saberes”. Porém a autora destaca que para isso é necessária a utilização de “vários instrumentos teóricos”, citando ainda em seu texto o filósofo Karl Popper o qual diz que “todo conhecimento se origina de um conhecimento prévio”. Ou seja, é preciso que se esteja ciente de que “idéias novas” não são exatamente “idéias novas”, cem por cento originais, pois elas surgiram de algum ponto de partida, algum estímulo inicial embasado em algum conhecimento anterior.
Esta premissa de se utilizar de um conceito que já existe, e, a partir dele, criar diferentes possibilidades nada mais é senão a reelaboração de opiniões visando criar “novos” (outros) conceitos. Não se abandona um pensamento anterior, mas, a partir dele, organiza-se outro.
E é a partir deste entrelaçamento de ações e da inter-relação de conceitos que o filósofo Michel Foucault propõe, no quarto capítulo do livro Microfísica do Poder, uma série de questionamentos acerca do tema Teoria e Prática, o qual é, sem dúvida, um assunto muito discutido no meio da dança. Afinal, em que consiste a elaboração de uma teoria senão a própria ação de testar hipóteses? Discutir teoria e prática é discutir entrelaçamento de ações, já que teoria e prática são naturezas distintas de uma ação.
Em nossas pesquisas na área da dança estamos, o tempo todo, testando nossas hipóteses. Buscando entender no corpo como se dá este processo de entrelaçamento de informações, o qual ocorre de maneira simultânea, “em rede”, segundo Foucault. O que torna isso de fácil assimilação é pensar que a partir do momento que se estrutura uma teoria, automaticamente se elabora a sua utilidade, sua função na “aplicação”. E todo esse “imaginário” consiste numa soma de diferentes ações.
Não estudamos para compor um trabalho. Não coletamos informações para daí “testá-las” no corpo na forma de “ação”, movimento. Nós somos ação. Nossas verdades, nossas “teorias” estão impregnadas em nosso corpo fazendo com que a simples existência já seja uma informação a mais no mundo. Diferente de todas as outras existentes.
No âmbito da composição coreográfica é preciso sempre lembrar destas relações de troca e simultaneidade, já que toda ação carrega consigo uma informação, sendo esta última, de responsabilidade exclusiva de quem a lançou. Ou seja, o próprio artista.
A questão de responsabilidade virá a ser discutida por Paulo Paixão no texto “Alguém esteve no palco antes de você”. Segundo ele, “o conhecimento sobre a evolução dos processos de representação nos ajuda a ler o modo particular como cada obra se organiza. [...] Desse modo também é possível entender como o artista se coloca politicamente em público”.
E é deste posicionamento político que nos referimos ao destacar a importância da pesquisa antes que o artista venha a cometer o desastre de colocar no mundo uma informação “alienada”.
O essencial é saber que toda escolha é uma responsabilidade. E que tudo pode ser fonte para novos questionamentos e novas informações, fechando o círculo de entrelaçamento e inter-relações.

REFERÊNCIAS

FOUCAULT, M. Microfísica do Poder. Graal: São Paulo, 2004.

PAIXÃO, P. Alguém esteve no palco antes de você. Disponível em: http://idanca.net/2007/02/01/danca-contemporanea-colonialismo-brasil-europa-discurso-representacao/
Acessado em: 09/04/2008

HÉRCULES, R. Dança como produção de conhecimento. Disponível em: http://idanca.net/2008/02/21/epistemologia-em-movimento/
Acessado em: 09/04/2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

DANÇA TEMPORARIAMENTE CONTEMPORÂNEA

Por Angélica Gallardo

Nos anos 80 uma atenção súbita foi dada ao corpo: os tiques, as posturas, o movimento de cada corpo e a somatização física começaram a destacar-se e a provocar investigação. A partir daí, passou a ser falado de uma inteligência muscular que nos faz reconhecer o corpo, suas funções e a comunicação que por ele pode ser feita. Assim nasciam as Artes do Corpo – dança, canto, performance física e teatro-fisico.
O avanço da tecnologia fez surgir corpos Hi-Fi, que seriam corpos de alta fidelidade na execução dos movimentos, e levou à Arte do Corpo uma idéia de sublime em relação às outras artes, conquistando assim, um lugar nobre perto das tradicionais e reconhecidas Artes. Na minha opinião, quando se fala de novas tecnologias somos, tendencialmente, levados a pensar que se trata de um universo à parte, algo que entra cada vez mais nas nossas vidas e ao qual, em menor ou maior grau, nos indica que algo está a mudar. A fotografia, por exemplo, nos permite vislumbrar rostos, emoções técnicas e certos aspectos dos espetáculos realizados. Posteriormente, a televisão trouxe uma maior harmonia aos espectadores da dança, sendo possível estar num ponto do planeta totalmente oposto daquele onde se realiza um evento sem, no entanto, perder os seus contornos e, muitas vezes, ganhando até nitidez e uma maior visão de conjunto do que ao vivo. Permitiu, e permite ainda hoje, que milhões de pessoas que não podem estar em espaços teatrais, por diversas razões, possam tomar conhecimento do que se está fazendo num determinado local.
O uso do filme e do vídeo, iniciado em meados de 1960 nas criações do coreógrafo norte-americano Merce Cunningham, marcam o início de uma nova autonomia na Dança. O vídeo-dança difere dos filmes de dança por não ser um registro de uma obra coreográfica previamente existente, que deve ser readaptada para a tela para se tornar um vídeo-dança e, difere dos videoclipes por priorizar o movimento e a intenção do filme, sem que este esteja necessariamente associado a uma música específica, é um diálogo entre a dança e o vídeo no qual estas linguagens se tornam indissociáveis como uma obra coreográfica que existe apenas no vídeo e para o vídeo.
Juntamente ao Corpo Hi-Fi há também o corpo-livro que é uma comunicação organizada das Artes do Corpo e que ultrapassa o seu vetor atlético impondo-se com algo da ordem comunicacional, existencial, político, social e histórico. O corpo-livro se edifica e se dá em espetáculo a partir do corpo de cada intérprete, da sua biografia, dos seus sentimentos. Um exemplo deste corpo é o modo como Pina Bausch desenvolve seus trabalhos, pois as experiências de vida dos bailarinos servem de base para suas coreografias e várias delas são relacionadas à cidades de todo o mundo, pois são de suas turnês que ela tira idéias necessárias para seu trabalho. Ao meu ver, Pina Bausch preocupa-se mais com o corpo e com que ele que fala, sente e expressa, do que com questões tecnológicas. Através da repetição de gestos, palavras e experiências do cotidiano a dança teatro, nas obras de Bausch, pode ser definida como a consciência do corpo quanto a sua própria história como tópico simbólico e social em constante transformação.
Ao longo dos anos a dança e o corpo evoluíram e continuam evoluindo em conjunto, e ambos em sintonia com a tecnologia, e, graças a esses avanços, o corpo passou a ter o mesmo peso que as idéias. Existirá sempre uma mutação permanente no mundo, que se expande e se contrai conforme os fatos aparecem e interferem, configurando tudo de outro modo, em outra época, à medida que o tempo passa.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

CORPOS HÍBRIDOS ..... por Thamy Baij


O corpo humano sempre foi objeto em arte – especificamente da dança. A partir do final do século XX e início do XXI, este corpo perde as delimitações que até então mantinham-se – distintamente. Ao falar em delimitações, refiro-me às fronteiras físicas, sensíveis e cognitivas. Essa interpenetração permite, assim, uma permanente troca de informações.
Olhando pelo prisma contemporâneo, averigua-se que o “vilão” (ou não) de todo esse processo emancipatório são as progressões tecnológicas. Cada vez mais absortos nesse sistema, temos nossos corpos transformados, atualizados, dirigidos, enquadrados, plugados e anulados, abrindo espaço (muitas vezes inconscientemente), para a banalização do corpo biológico, alegando sua fragilidade, vulnerabilidade e incapacidade perante o universo de possibilidades, das mais variadas, que a tecnologia é capaz de nos fornecer.
Ao mencionar hibridação, vejo aprofundando-me na atualidade das mídias e tecnologias, que na concepção de certos autores como Santaella é o que cria o corpo híbrido.
[...] a reconfiguração do corpo humano na sua fusão tecnológica e extensões biomaquínicas está criando a natureza híbrida de um organismo protético ciber que está instaurando uma nova forma de relação ou continuidade eletromagnética entre o ser humano e o espaço através das máquinas [...] (SANTAELLA, 2003, p.272).

Não há escape, nem para o corpo, nem para a arte do corpo. Esse bombardeio ao qual somos submetidos é cruel e não nos permite escolha. Somos produto desse meio tecnológico. É um meio de cultura (termo biológico) onde, inquestionavelmente somos cultivados.
O corpo é uma rede aonde informações vão e vem a todo o momento.
Mediante a virtualização, a desreferencialidade, a desmaterialização e a desterritorialização deste corpo híbrido, cujo trânsito abre fronteiras incontáveis, é importante pensar que se considerando uma relação estreita e amigável (não catastrófica) entre e corpo e a tecnologia digital, pode-se afirmar que por simbiose (hibridismo) um surge e evolui no outro. Por isto é tão pertinente a idéia de um corpo híbrido, a partir da relação com novas tecnologias; elas partem do mesmo lugar: o corpo.

Esta hibridação deu origem a um novo sistema, que não é apenas corpo, tampouco se restringe à tecnologia. Esta nova possibilidade existe transpondo fronteiras e “intercambiando” um trânsito permeado pela mudança e a diversidade.

::Crítica

Faltou métrica em Rimas do Corpo
Por Emanuella Kalil

O solo de dança contemporânea encanta pela maturidade de Mariana Muniz, mas a peça em si, está longe de ser coesa

A peça Rimas no Corpo, de autoria de Mariana Muniz e Cláudio Gimenez, ficou em cartaz no Teatro da Caixa durante os dias 14 a 16 de março. Relaciona movimentos e poesia, como fica claro ao dar-se uma olhadela mais atenta ao título.

Ao pôr em contato poesia e dança, a intérprete-criadora Mariana Muniz se preocupa muito mais com a forma de ambas as linguagens, do que com o seus conteúdos propriamente ditos. Não é a primeira vez que a artista aborda o tema das Letras, recorrente em pesquisas anteriores, como em Tufúns – inspirado no trabalho de Ferreira Gullar –, em O Fingidor – baseado na vida e obra do poeta português Fernando Pessoa –, e Dantea – que trata dos trabalhos da poetisa portuguesa Florbela Espanca.

As Rimas

Para Rimas no Corpo o ponto de partida foram alguns versos de Arnaldo Antunes, que são trazidos para o palco de duas formas. No início, alguns trechos são declamados e, embora acompanhados de movimentos, a combinação soa artificial e didática, como se para relacionar poesia e dança, fosse preciso necessariamente declamar um texto dançando-o. Em um segundo momento, essa ação é deixada de lado, e Mariana passa a emitir alguns ruídos, que de forma menos literal, passam então a motivar a sua movimentação.

A Movimentação

A partitura de movimento apresentada demonstra a maturidade corporal da artista e sua experiência em escolas de danças clássicas e modernas. Na maior parte do tempo ela apresenta uma movimentação original e própria, longe do virtuosismo acadêmico. Porém, em alguns momentos, a bailarina faz referências desnecessárias às técnicas de balé e de dança moderna, o que de certa forma quebra a identidade que ela vinha imprimindo ao trabalho, de somente incluir movimentos pessoais.

O gesto, em particular, tem presença marcante na coreografia. Gestos do cotidiano, carregados de significados e conceitos – como abrir a boca, arregalar os olhos ou articular os dedos da mão –, aparecem deslocados de seus contextos originais, causando algum estranhamento na platéia. Não há aparentemente o desejo de comunicar alegria, pesar, ou qualquer outra emoção com tais gestos e expressões, mas sim o de simplesmente mover o corpo em sua totalidade.

A Questão da Subjetividade do Movimento

A subjetividade da peça é grande, podendo o público escolher entre fixar os olhos atentamente a belas seqüências de movimento – às vezes não tão belas, mas não menos instigantes –, e deixar-se simplesmente fruí-las, degustando-as por uma via de acesso emocional, sem muitas racionalizações; ou ceder à tentação de tentar atribuir significados aos vários elementos cênicos utilizados pela bailarina.

A combinação insólita dos objetos usados em cena aponta para uma falta de articulação no discurso proposto pela artista. A presença de bolas de tênis espalhadas e de um sinalizador policial no palco, o uso de luvas médicas e de uma rosa vermelha, além da projeção de diversas imagens urbanas no fundo do palco e de uma luz que se acende por um curto espaço de tempo na platéia, são sinais. Sinalizam um excesso de informação, que ou a pesquisa cênica deixou mal-resolvido, ou somente ficou bem esclarecido para os seus criadores. Não há aparente conexão entre os elementos usados, ou entre eles e a coreografia.

O movimento é a linguagem da dança por excelência, o que favorece naturalmente a produção de um discurso com conteúdo menos exato que aquele proporcionado pelas palavras. Mesmo observando-se esse detalhe, é bastante comum a expectativa da platéia por uma narrativa, ou por uma moral ao final de peças de dança, o que geralmente causa frustração. Porém, além da discussão da forma do movimento, o espetáculo não apresenta ou deixa clara nenhuma outra proposição.

Não estou defendendo uma narrativa linear, ou uma peça didática, mas deixar para o público a tarefa de realizar todo o trajeto de articulação da peça é uma postura um tanto cômoda para o artista – e vem tornando-se recorrente nos espetáculos que venho assistindo ultimamente, mas essa é uma outra história.

terça-feira, 22 de abril de 2008

O espaço foi aberto.

Que sejam lançadas as idéias!