quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sobre Dança Contemporânea.......Por Naiana Wöhlke Cé


“A dança permite materializar o movimento da vida”
(GOMES, 2003).



Sabe-se que nenhum ser humano gosta de comodismos, estabilidades. É do seu instinto buscar mudanças, melhorias, desenvolvimento. E modificações só são provocadas quando há uma irritação (crise) no sistema, e assim, a tentativa de resolvê-la acaba gerando uma evolução. Segundo Simone Gomes, “a dança contemporânea nasceu a partir da quebra de verdades estabelecidas sobre o conceito de dança e da transgressão aos modelos considerados ideais”. (GOMES, 2003).
De fato, este caráter de “rebeldia” da dança dita ‘contemporânea’ se deve não somente ao contexto no qual se deu o seu “surgimento”, mas também da necessidade de novas abordagens, novas formas de comunicação através da arte (ou até mesmo novas formas de expressão dentro da própria arte).
De acordo com Simone, a dança contemporânea atual traz o desafio de transitar no limiar ente o estabelecido e o provisório, entre a institucionalização e a liberdade criativa, entre a repetição e a diferença. Além disso, ainda desafia o artista a “viver em movimento, por meio de seu corpo, sua conduta e suas conceituações”. (GOMES, 2003)
Ainda no mesmo texto, a autora fala da personalidade como algo que aparece de forma marcante nos trabalhos atuais. E isso certamente contribui de maneira positiva, pois a partir do momento que se inclui algo particular a dança daquele indivíduo adquiri características ímpares, singulares. Simone vê a autoria na dança como algo que colabora para centrar o indivíduo, garantindo assim o caráter singular da dança.
No entanto há que se ter certo cuidado com a individualidade excessiva, a qual pode vir a tornar a dança introspectiva demais. Além disso, devemos estar atentos para não deixar que tudo vire uma bagunça de forma que tudo é permitido e dançar seja sinônimo de simplesmente existir. Danço, logo, existo! Ou melhor: existo, logo, danço!
A dança não pode ser reduzida ao simples fato de se estar aqui e agora. Essa consciência do presente deve sim estar impregnada no pensamento do artista, mas isso não deve ser um fator restritivo, que acabe por limitar, ou pior, reduzir a dança a um mero “movimentar-se” (ou quando em alguns casos, nem isso!).
Conforme expõe a própria autora “não basta se jogar no chão, rolar, saltar, fazer contorções em espirais, vestir-se ou despir-se (como está na moda) para se afirmar um artista contemporâneo. É preciso penetrar em toda esta complexidade do mundo contemporâneo e nas sutilezas das contradições, ficando atento e sintonizado com as simultaneidades e com as tentativas de discernimento.” (GOMES, 2003).

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