quinta-feira, 24 de abril de 2008

CORPOS HÍBRIDOS ..... por Thamy Baij


O corpo humano sempre foi objeto em arte – especificamente da dança. A partir do final do século XX e início do XXI, este corpo perde as delimitações que até então mantinham-se – distintamente. Ao falar em delimitações, refiro-me às fronteiras físicas, sensíveis e cognitivas. Essa interpenetração permite, assim, uma permanente troca de informações.
Olhando pelo prisma contemporâneo, averigua-se que o “vilão” (ou não) de todo esse processo emancipatório são as progressões tecnológicas. Cada vez mais absortos nesse sistema, temos nossos corpos transformados, atualizados, dirigidos, enquadrados, plugados e anulados, abrindo espaço (muitas vezes inconscientemente), para a banalização do corpo biológico, alegando sua fragilidade, vulnerabilidade e incapacidade perante o universo de possibilidades, das mais variadas, que a tecnologia é capaz de nos fornecer.
Ao mencionar hibridação, vejo aprofundando-me na atualidade das mídias e tecnologias, que na concepção de certos autores como Santaella é o que cria o corpo híbrido.
[...] a reconfiguração do corpo humano na sua fusão tecnológica e extensões biomaquínicas está criando a natureza híbrida de um organismo protético ciber que está instaurando uma nova forma de relação ou continuidade eletromagnética entre o ser humano e o espaço através das máquinas [...] (SANTAELLA, 2003, p.272).

Não há escape, nem para o corpo, nem para a arte do corpo. Esse bombardeio ao qual somos submetidos é cruel e não nos permite escolha. Somos produto desse meio tecnológico. É um meio de cultura (termo biológico) onde, inquestionavelmente somos cultivados.
O corpo é uma rede aonde informações vão e vem a todo o momento.
Mediante a virtualização, a desreferencialidade, a desmaterialização e a desterritorialização deste corpo híbrido, cujo trânsito abre fronteiras incontáveis, é importante pensar que se considerando uma relação estreita e amigável (não catastrófica) entre e corpo e a tecnologia digital, pode-se afirmar que por simbiose (hibridismo) um surge e evolui no outro. Por isto é tão pertinente a idéia de um corpo híbrido, a partir da relação com novas tecnologias; elas partem do mesmo lugar: o corpo.

Esta hibridação deu origem a um novo sistema, que não é apenas corpo, tampouco se restringe à tecnologia. Esta nova possibilidade existe transpondo fronteiras e “intercambiando” um trânsito permeado pela mudança e a diversidade.

Um comentário:

Angel's disse...

Ótimas reflexões Thamy! =D
Estamos mesmo vivendo um momento em que somos levados a crer que o corpo que dança não é totalmente completo sem a tecnologia..."No entanto, isto não significa que as características físicas e os padrões de comportamento de um determinado grupo sejam imutáveis. Os homens são condicionados por fatores genéticos e ambientais, mas podem escapar da sujeição deste condicionamento” (DUBOS, René)
Penso que, às vezes, é preciso lembrar da nossa infância, época de experimentação e junção de conhecimentos, não se tratava de pensar no que aquilo tinha de importante ou não, mas era sim um período de enorme liberdade de fazer algo sem se preocupar se está certo ou não, apenas fazê-lo estabelecendo uma relação (inconsciente) com o mundo.

...


Bom fim de semana!
Beijos

Angel!!!