domingo, 6 de julho de 2008

work in process + férias

Há um mês atrás estava praticamente elouquecida com a idéa de ter que apresentar algo do meu trabalho no final do mês de julho. Não via nada que estavivésse estruturado em minha cabeça a que pudésse ser passível de apresentação e discussão.
Porém, os dias estavam se aproximando cada vez mais de meu martírio. O work in process me obrigou a pensar em minha pesquisa que tem me causado medo por tanto tempo. Também me fez perceber que esta apresentação foi INDISPENSÁVEL para a evolução de minha pesquisa. Ver a pesquisa de meus colegas também fez com que eu estabelecesse sempre uma relação das pesquisas com a minha.
Neste momento, sei que não vou precisar ficar inventando histórinhas para falar de dança política. (fato que estava me atormentando muito) Percebo que quero PESQUISAR O CORPO POLÍTICO, O QUE ELE POSSUI DE ELEMENTOS EM SEUS POSICIONAMENTOS, FORMAS, MOVIMENTAÇÕES QUE SÃO POLÍTICAS.
As férias serão um bom tempo para focar minha pesquisa, pretendo voltar com bastante material para poder discutir nas aulas de Composição Coreográfica. E que venha o próximo work in process.
Obrigada Orientador
Obrigada Turma
Obrigada Professores

Déborah Atherino

SOBRE A VERTICALIDADE EM QUESTÃO

por Thábata Liparotti

A verticalidade na dança é uma questão que vem sendo discutido tema de debates no nosso meio. Desde o dualismo existente nesta verticalidade, passando por relações de poder, negação, a queda e recuperação, o ir ao chão, o estudo dos eixos, níveis, chegando por fim no subir e descer.
Atualmente em nossas aulas de Dança Contemporânea temos repensado sobre os conceitos de queda, peso passivo e ativo, sobre a pressão necessária para subir e descer, o ceder e empurrar. Todos estes pontos e as reverberações que estas geram sobre os corpos são importantes questões que tenho pesquisado em meu trabalho.
Por ter escolhido pesquisar a adaptabilidade do corpo no ambiente, e este ambiente que trato ser o da montanha a verticalidade imposta é incontestável. Por isso tenho buscado elencar todas as questões pertinentes a esta verticalidade.
A primeira delas é a própria inclinação do terreno que coloca os corpos numa posição de busca do equilíbrio constante. A segunda é a intenção de subir e descer a montanha que exige deslocamento de maneira que um passo não é igual ao seguinte. Outra questão que surge desta é a necessidade de troca de apoios e o jogo de peso, que se dá principalmente pelo posicionamento do quadril.
A pressão que é necessária para suspender o corpo também é diferenciada visto que o uso das mãos é de extrema importância, não tendo estas uma função expressiva e sim bastante funcional. Esta evidencia para as mãos ocorre principalmente na escalada. Também nela o fato de estarmos suspensos por uma corda faz com que a relação de peso mude. O peso passivo nesta situação toma uma nova dimensão visto que não há impacto com o chão no final da queda. Além de alterar sua percepção de peso que segundo a lei da gravitação universal da mecânica newtoniana faz com que a gravidade diminua e consequentemente a sensação de peso também.
A verticalidade, portanto, traz atrelada a ela uma nova perspectiva de estudo que necessita de adaptação corporal. Levando ainda em consideração que para o senso comum a dimensão vertical é ainda vista como associada a riscos que são potencializados pela ação da gravidade gerando uma relação de medo referente a esta dimensão. Apesar do mundo ser tridimensional a exploração da verticalidade é ainda pouco familiarizada, iniciando a relação de medo já na infância quando crianças buscam subir em muros e árvores e são reprimidos por suas mães preocupadas. Este trecho escrito por um montanhista aponta algumas destas questões:
“O fato é que as pessoas não se deslocam na vertical. Máquinas como elevadores ou escadas rolantes fazem com que planos carreguem elas para cima e para baixo. Deslocar-se na vertical por conta própria (escadas) associa este esforço ao desconforto físico. As pessoas simplesmente não gostam da dimensão vertical.
Pessoas que exploram a dimensão vertical como alguns trabalhadores de altura e esportistas da verticalidade, vivem, então em um mundo diferente, o mundo do risco, do medo, do desconforto. Como querer que sentimentos tão desagradáveis se tornem palatáveis para a maioria das pessoas? Com isto, vocês, montanhistas, sempre serão vistos como seres estranhos para o resto da humanidade. Vivem em mundo à parte, seu prazer inverte à escala de valores da humanidade. Acostumem-se a isto.”
Concluindo então que o estudo desta verticalidade implica em uma série de fatores como a desmistificação, a reorganização de padrões e novamente a adaptação do corpo a esta nova dimensão. Na busca de levar a dança contemporânea para o ambiente. Em suas relações com a permanência e construção de conhecimento buscamos um corpo mais adaptativo que responda a proposição de problemas criados com um mesmo domínio de fatores de movimento na criação de uma obra artística. Sendo para mim uma intrigante questão de estudo.

sábado, 5 de julho de 2008

Algumas informações teóricas....


Abaixo seguem algumas informações mais "teóricas" sobre minha pesquisa em dança...




A FORMA DO FUNDO

Relação corpo_fundo_espectador











Tema

-- Percepção da forma (bi e tridimensionalidade, fragmentação, ilusão de óptica)

-- Relação forma/fundo na percepção da forma

Objeto

-- Relação forma/corpo e fundo/tecido na geração de confusão e/ou ilusão de óptica perceptual deste mesmo corpo no espectador.

Justificativa

-- Pesquisa na área artística da Dança , discutindo relação forma/fundo.
-- Pesquisa que busca possibilitar a percepção de um corpo "fragmentado" sem utilização de outros corpos, ou de aparato audiovisual.
--Pesquisa de descoberta de relações corporais com um tecido, gerando imagens de um corpo fragmentado, transitório entre bi e tridimensional, percebidas pelo espectador no espaço real (não virtual) ocupado por ele.

Problemas

-- Como gerar visualmente para o espectador a ilusão de um espaço corpo fragmentado?
-- Como o meu corpo se relaciona com o tecido para gerar imagens que confundam, que brinquem com a percepção do espectador quanto a idéia de um corpo fragmentado?

Objetivos

-- Descobrir maneiras de me relacionar com o tecido de maneira a criar imagens de fragmentação do corpo para o espectador.
-- Me relacionar de forma direta, simples e não-representativa com o espectador.
-- Testa hipóteses da Teoria da Gestalt

Teoria de base

-- Teoria da Gestalt
-- rincípios da percepção da Teoria da Gestalt

Postado por Juliana Lorenzi

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Regras: cumprir ou subverter?

É muito interessante como afinamos nosso olhar, nossa percepção quando estamos envolvidos em um trabalho e voltamos nossa atenção para isso. Não sei se com todos, mas percebo que quase tudo que ouço, vejo, presencio, faço relações como minha pesquisa. Basicamente meu tema fala sobre estratégias de subversão a regas, padrões e censuras. Toda esta problemática da minha pesquisa partiu de uma discussão sobre a arte no período da ditadura militar no Brasil, quando a arte brasileira foi “obrigada” a criar estratégias para burlar a censura e expressar suas questões.
No entanto, passado o período, pode-se perceber que desta censura e subversão criaram-se novas possibilidades e movimentos artísticos, enriquecendo o caráter artístico do país.
Com propostas de pesquisa e orientações, a pesquisa foi rumando para um caminho mais sucinto, pontuando o corpo atual como receptor da regra e agente na mesma, afunilando mais o tema e focando a proposta de acordo com os “ensaios”, que estará articulando dança e instalação. A escolha por um este tipo de apresentação, amplia a idéias de subversão a um padrão, além de lidar com o imprevisto, já que o público será co-autor da obra.
Parto, a principio, de duas hipótese: subverter uma regra quando esta é questionada e não faz sentido ou impede uma progressão, ou não acontece o questionamento e muitas vezes cumprimos uma regra por cumprir, alienados ou acomodados. No entanto este cumprimento não se dá sempre de um mesmo jeito: ocorre uma adaptação e se puder, desta surge uma reflexão.
Na última experimentação para a apresentação cênica, um work in process realizado na faculdade, percebei que muitas pessoas entraram no jogo proposto com o intuito de subverte e modificar algumas estruturas sem sair do mesmo. Outras, como constatei após a performance perguntado para os participantes, entraram por curiosidade para saber o que aconteceria, visto que não tinha um objetivo claro para se entrar no jogo.
As coisas que surgiram influenciaram muito no andamento da pesquisa, como por exemplo, questionar mais o papel do público no trabalho e como chamar a atenção deste para entrar nas estrutura instaladas. Também percebi que o foco não é propor um jogo para público e bailarino resolverem, mas que existem dois núcleos no trabalho: uma regra ou lógica para o público entrar na apresentação, e outro que os bailarinos estarão investigando, sobre regras, subversão e etc. A regra e a subversão apareceram no work in process, no entanto agora é necessário focar e perceber o por quê e para que de cada uma.
Quem conhecer algum material que fale sobre algum ponto da minha pesquisa, serei grata pela indicação. Além de estar aberto o espaço para sugestões, opiniões e etc...


Obrigada

Thaís Catharin

O Corpo-Sonoro e a Dança

Gabriel Bueno


Para entendermos o corpo como fonte sonora, precisamos refletir sobre o que é som e que corpo é este em movimento.
Som é movimento, e sem movimento não pode haver som, e todo movimento produz som. É sabido que som é onda, que corpos vibram, e que essa vibração se permite sob a forma de uma propagação ondulatória consideramos aqui que todo tipo de corpo vibra, mas vamos nos ater somente ao corpo humano.

“O som é, assim, o movimento em sua complementaridade, inscrita na sua forma oscilatória. Essa forma permite as muitas culturas pensá-lo como modelo de uma essência universal que seria regida pelo movimento permanente”. (J.Wisnik 1999) 1

O corpo produz diversos sons e muitos não são percebidos pelo mecanismo auditivo, o mais evidente são os produzidos pela voz, todo movimento das cordas vocais reverbera no corpo e para fora dele, ou seja, a reverberação é entendida como reflexo de calor emitido pelo corpo, energia que se expande.
Voz é som e a emissão de ar que passa pela laringe geram inúmeras possibilidades de vocalizar o ar; as inúmeras tensões musculares dão o tônus da vibração do movimento da passagem de ar pelas cordas vocais. A voz é intrínseca ao corpo humano, e, portanto, entende-se a importância do estudo de movimentos de dança que a explorem em suas distintas sonoridades como recurso para a criação coreográfica em dança.
No estudo do canto o corpo esta ligado a voz, mas no estudo da dança a voz não é muito estudada principalmente em pesquisas coreográficas, e discuto aqui a importância de a considerarmos; existindo um vasto campo de possibilidades para ser explorado, a sonoridade da voz pode se corporalizar ao movimento do corpo. A voz é o corpo onde um transforma o outro, o movimento do corpo modifica a voz e a sonoridade da voz o corpo, a respiração é a responsável por fazer o som sair, significar junto com o movimento. Assumir o som que aparece para transformar o
1. José M. Wisnik. O som e o sentido, p.15, 1999.

significado do gesto é transitar entre a consciência do movimento com o não controle vocal para que surjam propriedades que não é canto e nem dança, mas a
mistura destes fazeres levando ao dialogo de entender voz como movimento do corpo e corpo como movimento da voz.
Fernando Aleixo aborda em seu livro A Corporeidade da Voz o termo “corporeidade”. Ele nos fala que esta corporeidade é envolvida por três aspectos, a dimensão sensível, dinâmica e poética. A dimensão sensível é o impulso que gera a voz e o movimento, a matéria física, os sistemas, o corpo. A dimensão dinâmica é presença do movimento e do som vocal no espaço, é ação, parâmetros como volume, intensidade, timbre e altura. A dimensão poética é a relação da voz corpo com os outros, é o corpo em contato com os significados gerados pela dimensão sensível e dinâmica que a tornam poética.
É fundamental a prática destas relações no fazer artístico do ator e cantor, o desenvolvimento destas habilidades estão implícitas no corpo e a dança pode envolver estes fazeres para que bailarinos conscientizem a voz também como movimento, não se tratando de que necessitamos dominar o canto mas se utilizar dele para a transformação da dança no corpo.

“A prática de uma experiência sensível capaz de promover o desenvolvimento do saber do corpo é essencial no trabalho do ator. A formação que envolve a sensibilidade corpórea possibilita o comprometimento pleno do ator da criação, pois redimensiona suas capacidades de agir vocalmente de modo sinestésico e poético”. (F. Aleixo 2007) 2

Em um trabalho colaborativo com a bailarina Aline Valim desenvolvemos alguns procedimentos que trazem estas relações abordadas ate então, o uso de diferentes bases de apoio do peso do corpo enquanto cantamos nos possibilita compreender os lugares de apoio do som vocal, dançar cantando ou cantar dançando como exercício, nos faz reconhecer domínios de movimento que entendemos que são coisas distintas, conforme o cansaço físico aumenta percebemos que surge formas e sons que fogem do controle normal, ou melhor do habitual padrão. A respiração sugere outros formatos vocais e de movimento no qual o som se apóia, a fadiga, os órgãos, a reverberação, a palavra, são fatores que qualificam o dialogo desta mistura de dança e canto.

2. Fernando Aleixo. A corporeidade da voz, pg 47. 2007.

A dança e o canto permeiam nossa investigação e nos coloca questões de não haver a necessidade de categorizar mas de compreender dois domínios distintos que se relacionam para uma sugestão do desenvolvimento de uma suposta linguagem, o transito dos lugares encontrado por nos, nos faz acreditar de que o movimento é ponte de legação e a emanação de gestos e sons são possibilidades de arte que se corporifica em comunicação.

Referencias:
WISNIK, J. M. O som e o sentido: uma outra historia das musicas. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ALEIXO, F. M. Corporeidade da voz: Voz do ator. Campinas: Editora Komedi, 2007
MENEZES, F. A acústica em palavras e sons. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2003.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Gestos do Cotidiano em Cena



Oi Gente!
Coloquei meu vídeo do processo criativo aqui para quem não assistiu na FAP ou para quem quer rever e queria comentar!


Beijos Angélica ^ ^